De acordo com os cientistas da Universidade James Cook, na Austrália, e Universidade Mahidol, na Tailândia, a expansão de lixões em países de baixa renda concentra pessoas, resíduos e animais nas mesmas áreas, se tornando reservatórios perigosos para doenças e novas pandemias.
“A maioria dos surtos de doenças infecciosas emergentes se origina da vida selvagem, e frequentemente envolvem interação patógeno–hospedeiro–ambiente. Os lixões agem como uma interface entre humanos, animais e o ambiente, de onde essas doenças podem surgir”, explicou o professor Bruce Gummow da Universidade James Cook, coautor da pesquisa e especialista em Medicina Veterinária Preventiva (Epidemiologia), em release divulgado pela instituição australiana.
O estudo lista como são diversos os fatores nesses ambientes que os tornam propícios ao surgimento de novas doenças:
De acordo com o cientista, os animais que visitam lixões apresentam alta prevalência de doenças infecciosas e muitas pessoas que trabalham como catadores estão em condições anti-higiênicas e insalubres, além de rotineiramente apresentarem problemas de saúde. Foram analisados estudos sobre as condições de vida desses trabalhadores em 69 países.
Isso acontece porque muitos deles trabalham de forma informal, sem o a cuidados de saúde. “Como resultado, poderiam potencialmente carregar doenças sem estarem cientes disso ou serem capazes de fazer algo a respeito se estivessem. Eles correm alto risco, ao mesmo tempo em que são mais propensos a serem expostos a diferentes patógenos zoonóticos”, resume Gummow.
Por outro lado, os lixões costumam oferecer durante todo o ano alimento aos animais que podem transmitir essas doenças. Por isso mesmo, há coexistência de múltiplas espécies, o que aumenta a taxa de contato entre elas e a transmissão de doenças.
A previsão dos cientistas é de que, até 2050, as cidades do mundo todo gerarão mais de seis milhões de toneladas de resíduos sólidos diariamente. "A porcentagem de matéria orgânica na composição dos resíduos é alta em países de baixa renda, com descarte descontrolado, como lixões com queima a céu aberto”, considera Gummow.
Ou seja, é preciso pensar em formas mais sustentáveis de descartar esses resíduos, além de maneiras de produzi-los em menor quantidade. “Precisamos reduzir urgentemente a interação entre humanos, animais, vetores e patógenos em lixões se nosso objetivo é reduzir o surgimento de novas doenças que podem rapidamente se transformar em pandemias globais”, conclui o cientista.
Lembrando que questões que lixo especial também são um debate importante sobre o meio ambiente.