Na terça-feira (14), os termômetros no Rio de Janeiro registraram a temperatura máxima de 42,5ºC, mas a sensação térmica chegou a 58,5º C na cidade.
A CNN ouviu especialistas e consultou índices para explicar a diferença.
"Sensação térmica" pode remeter, a princípio, a um sentimento individual e sujeito a variações. Esse fenômeno pode ocorrer, como destaca Maria Clara Sassaki, porta-voz da Climatempo: "As percepções de frio e calor variam de pessoa para pessoa".
No entanto, a literatura da meteorologia desenvolveu uma fórmula para as situações em que a sensação térmica supera a temperatura real, explica Sassaki.
Destacada na imagem acima, a fórmula considera a temperatura e o nível de umidade relativa do ar. O ponto de encontro entre as duas medidas é a sensação térmica.
"Geralmente, onde há temperaturas elevadas, também há um baixo nível de umidade. Isso faz com que a sensação não se eleve tanto", diz o meteorologista Francisco de Assis.
Ele cita a cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde os termômetros marcavam 42,6ºC na tarde de terça-feira (14) e a sensação térmica chegou a 46ºC -- uma elevação sensível em relação à temperatura real. Isso ocorreu porque o tempo na cidade estava "seco", com o nível de umidade relativa do ar em 20%.
Por outro lado, o recorde do Rio de Janeiro reflete uma tendência: "Cidades com maior umidade relativa do ar 'se superam' na sensação térmica. O fenômeno não afeta apenas o Rio de Janeiro, mas todas as cidades litorâneas. Em dias quentes, a umidade dessas regiões eleva a sensação além da temperatura real".
Segundo o Alerta Rio, quando a umidade relativa é elevada, a taxa de vaporização do suor produzido pelo corpo é reduzida, fazendo com que ele mantenha mais calor do que aconteceria com o ar seco mais seco, por exemplo, elevando a percepção do calor.
Apesar disso, há pessoas que sentem mais calor no "tempo seco", apesar da menor variação. Sassaki considera que isso faz parte da percepção de calor: "O tempo abafado torna a respiração mais difícil, o que nos faz sentir mais calor, mas a sensação térmica, de fato, é menor".
"O organismo humano trabalha para manter a temperatura interna de 36,5ºC a 37ºC. Nos momentos em que a temperatura externa está acima desse nível, o organismo precisa trabalhar menos para igualar o ambiente, por isso nos sentimos mais 'lentos' e indispostos", diz Raphael Einsfeld, médico especialista em esporte e coordenador do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo.
Na linha do que aponta o Alerta Rio, o especialista lembra que a respiração e a sudorese são recursos para o resfriamento do corpo. Quando o ar está mais quente, a produção de suor se intensifica.
"Atividades físicas ou de grande movimentação não devem ser praticadas ao ar livre, apenas em ambientes refrigerados", aconselha Einsfeld.
Maria Clara Sassaki explica que, em períodos de mais frio, quando a sensação térmica é inferior à temperatura real, um dos indicadores usados no cálculo é o Índice de Wind Chill, que considera fatores como o resfriamento do ar em movimento e a velocidade do vento, além da temperatura e da umidade do ar.
Nesse cenário, o vento exerce maior influência no desconforto térmico ao remover a camada de ar quente que envolve nossa pele e funciona como um isolante.
Como a temperatura corporal humana é mais quente do que o ambiente no período, acontece um fenômeno em que amos a ceder calor para o meio de forma mais rápida, aumentando a sensação de frio.
"Nosso organismo precisa trabalhar mais para manter a temperatura interna, já que o ambiente externo está abaixo desse nível", aponta Raphael Einsfeld.