De acordo com dados levantados na plataforma desde 2004, os anos de 2019 e 2022 compõem os de maior número de buscas no mundo sobre a doença. O valor de 100 presente no gráfico de pesquisa representa maior pico de popularidade de um termo. Um valor de 50 significa metade da popularidade e a pontuação pontuação de 0 significa que não havia dados suficientes sobre o termo.
Já no Brasil, os anos de pico das pesquisas sobre Alzheimer correspondem a 2004 e 2005, seguidos por 2022, que registrou pontuação de 89 em março.
O Google Trends também elenca as principais dúvidas dos brasileiros sobre a doença de Alzheimer. São elas:
A CNN ouviu especialistas para respondê-las.
De acordo com Fábio Porto, neurologista e diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer, Regional São Paulo (ABRAz-SP), a doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa, que se caracteriza principalmente pela perda progressiva da memória recente.
"A pessoa afetada pode ter dificuldade em aprender novas informações, embora possa lembrar bem as informações do ado. Isso ocorre porque a doença afeta intensamente os hipocampos, a região do cérebro responsável pela memória recente", explica ele.
De acordo com Diogo Haddad, neurologista do Hospital Nove de Julho e pesquisador da Doença de Alzheimer, os sintomas iniciais e principais são sempre relacionados à perda de memória. Problemas com linguagem, atenção e execução das tarefas diárias são pontos de atenção, mas, de acordo com o profissional, todas elas devem estar ligadas à memória.
Diogo Haddad destaca a importância de buscar ajuda médica ao menor sinal de comportamento que pode estar relacionado ao Alzheimer.
"Essa fase pré-clínica talvez seja a grande galinha dos ovos de ouro do Alzheimer. Hoje conhecemos essa entidade como comprometimento cognitivo leve (CCL), momento onde conseguimos encontrar um déficit cognitivo dentro de testes neuropsicológicos, porém, onde não existe qualquer perda da funcionalidade. Esse pode ser um grande momento para tratamento da doença", enfatiza o neurologista.
Além do tratamento médico, o processo familiar e de apoio é muito essencial.
"Tento sempre colocar que a doença de Alzheimer deve vir em conjunto com um tratamento de todos que estão ao redor da doença. Ela carrega como fardo o acometimento das pessoas que estão ao redor da pessoa com a doença, que devem estar preparados para lidar com as alterações, não apenas de memória, mas também de comportamento e de execução de atividades corriqueiras", afirma Diogo.
Fábio Porto explica que a progressão da doença pode ser dividida em várias fases, que podem variar, mas basicamente seguem a progressão de fase normal, declínio cognitivo subjetivo, comprometimento cognitivo leve até demência.
Segundo Fábio, existem sim genes de risco na doença de Alzheimer, mas estes não são garantia de que a doença será de fato desenvolvida.
O profissional explica que, embora a doença de Alzheimer seja genética, é uma genética de risco ou de chance aumentada, também conhecida como "genética não-Mendeliana". "Isso significa que ter um gene de risco não garante que você desenvolverá a doença, mas aumenta a probabilidade", explica ele.
Diogo explica que a Doença de Alzheimer não é diferente da demência, e sim um tipo desse grupo de sintomas. "A demência pode ser um denominador e sintoma para um monte de doenças, como o próprio Alzheimer, é importante não confundir", diz ele.
Em resumo, enquanto a demência se refere aos sintomas, a doença de Alzheimer é uma das causas deles.
Segundo Fábio, jogos podem ser ferramentas eficazes para aumentar o estímulo cognitivo. Podem ser responsáveis por retardar o progresso da doença em pessoas com demência e reduzir o risco em indivíduos saudáveis.
O profissional indica jogos como Caça-Palavras e Sudoku, que envolvem a memória.
"A recomendação é unir a estimulação cognitiva - treinamento de memória, atenção e linguagem - com atividades prazerosas e de lazer. Isso torna a atividade mais agradável, incentivando a pessoa a continuar praticando por mais tempo", explica ele.