A estimativa, feita a partir de dados oficiais, aponta que São Paulo também registra o crescimento de internações neste grupo etário, embora em um ritmo diferente do que ocorre no estado vizinho. Segundo ele, esse grupo pode ter se tornado mais importante devido ao avanço da campanha de imunização, que não o cobre. Isto porque, inicialmente, eram vacinados apenas maiores de 18 anos. Em seguida, alguns estados anunciaram a decisão de imunizar adolescentes entre 12 e 17 anos, o que ainda não aconteceu. 

“O dado é preocupante mas, apesar da alta na curva, o volume ainda é baixo. Talvez seja um reflexo da alta transmissão, pois a vacina visa reduzir a gravidade, mas não contém de forma tão efetiva a transmissão e os grupos de menor cobertura acabam aparecendo mais. A boa notícia, no entanto, é que os óbitos não seguem essa mesma tendência. Para a volta às aulas, seria importante atualizar os protocolos”, afirma Bastos.     

Em 2021, a média semanal é de 26 internações de pacientes desta faixa etária. Mesmo considerando a partir de janeiro, quando a campanha de vacinação ainda não havia começado e havia mais casos confirmados da doença. “E, neste período, o distanciamento social era bem maior”, conclui Bastos.      

A cidade do Rio de Janeiro pretende fazer a vacinação geral de adolescentes entre 23 de agosto e 10 de setembro. O município iniciou nesta segunda-feira (2) as aulas presenciais do segundo semestre em 99,9% das unidades escolares. Na segunda-feira anterior (26), o governo do estado havia retomado as atividades nas escolas de sua rede em 56 das 92 cidades.     

Lousa de colégio indicando o retorno das aulas presenciais (06.jan.2021)
Lousa de colégio indicando o retorno das aulas presenciais (06.jan.2021)
Foto: CNN Brasil

Médica sanitarista e professora de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia defende a retomada das aulas presenciais no estado, mas entende que elas não devem acontecer nos padrões adotados atualmente. Para ela, a retomada deveria ser feita com testagem de alunos e profissionais de educação.      

“Nós temos uma crise epidemiológica sobreposta a uma crise educacional. Não podemos confundi-las, caso contrário, não resolveremos nenhuma das duas. As crianças precisam voltar às aulas, mas com testagem. Se a situação piorar, suspende a retomada, e volta quando ela melhorar. Tem sido esse o padrão mundial. Não podemos deixar essas crianças fora das escolas por dois anos. A testagem poderia ser feita no mesmo padrão realizado em Nova Iorque (EUA): por amostragem. Privilegiando, é claro, as áreas mais vulneráveis”, afirma a professora.    
  
A CNN procurou as secretarias de Saúde do estado e do município, mas não obteve retorno das pastas até o momento.

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