Ribeiro Neto explica que Francisco emprega uma lógica característica da Igreja: "Para os que estão vizinhos, a correção. Para os que estão longe, a compaixão". Esta abordagem resultou em uma situação peculiar, onde aqueles afastados da Igreja se sentiam acolhidos, enquanto os mais próximos experimentavam uma sensação de cobrança.
O sociólogo traça um paralelo entre a atitude do Papa e a parábola do filho pródigo. Nesta analogia, o filho distante recebe o amor incondicional do pai, enquanto o que permaneceu próximo é convidado a compartilhar dessa alegria. Esta dinâmica, segundo Ribeiro Neto, está no cerne da abordagem de Francisco.
A estratégia papal, no entanto, não foi isenta de controvérsias. O especialista aponta que a preocupação de Francisco com situações humanas e existenciais não tradicionalmente acolhidas pela Igreja gerou incômodo em setores mais conservadores. Estes grupos -- segundo Ribeiro Neto -- acreditavam que o problema contemporâneo residia na falta de rigor dentro da instituição.
O sociólogo evita classificar o debate como uma simples divisão entre progressistas e conservadores. Em vez disso, ele propõe uma análise baseada no confronto entre o "rigorismo" - a crença de que todos os problemas se resolvem com rigidez - e a "acolhida", representada pela abordagem mais comiva do Papa Francisco.