Lucas Aragão, CEO da Arko Advice, oferece uma análise detalhada sobre o episódio e suas implicações políticas.
Segundo Aragão, o cenário atual é reminiscente de situações anteriores em que o Congresso demonstrou insatisfação por não ter sido consultado sobre medidas impositivas.
"É muito parecido com o que aconteceu com o decreto de saneamento que ocorreu no início do governo Lula", observa o especialista em entrevista, nesta quinta-feira (29), ao CNN Money.
O analista destaca que nos últimos 10 a 12 anos, o Congresso tem se tornado o protagonista das políticas públicas no país. "O governo parece não ter entendido que o Congresso hoje é o protagonista das políticas públicas no país, goste ou não", afirma Aragão.
Ele ressalta que o decreto do IOF impacta pequenas e médias empresas, além de setores que já enfrentam altos custos de crédito. "É mais um embate. E como o próprio Arthur Lira disse, não tem mais ânimo no Congresso para aprovar imposto", explica.
Questionado sobre se essa postura do Congresso poderia trazer uma nova perspectiva para a discussão das contas públicas, Aragão é cauteloso.
Ele reconhece que o nível de debate fiscal no Brasil melhorou significativamente, mas adverte que o processo é lento.
"Esse é um Congresso mais fiscalista do que o governo", observa Aragão, citando declarações recentes do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) sobre não ser parceiro de aumento da dívida/PIB ou de gastos sem compensação.
Aragão também compartilha insights sobre a percepção dos investidores estrangeiros. Segundo ele, apesar de algumas reservas, há um reconhecimento de que a equipe econômica atual é mais responsável do que o esperado para um governo de esquerda na América Latina.
"Não importa o que o governo quer fazer, importa o que o governo vai fazer", resume Aragão, destacando que o mercado está focado nos resultados finais das políticas implementadas.
O especialista conclui que, embora haja desafios, o governo Lula ainda é visto como competitivo para as eleições de 2026, citando o histórico do PT e possíveis medidas de impacto popular, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.