Tratadas como promessa cara ou entrave regulatório, as tecnologias de armazenamento de energia em baterias podem ter conseguido comprovar seu respaldo técnico e econômico e devem, pela primeira vez, participar de um leilão nacional de reserva de capacidade.

Sofrendo grande pressão do setor, o governo segue afirmando que o processo de licitação deve acontecer ainda em 2025.

A expectativa é que a primeira rodada de contratação de projetos com baterias consolide o modelo e atraia investimentos. A estimativa do setor é que o mercado movimente R$ 40 bilhões na próxima década.

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Estocando o vento

“Temos um descasamento entre o pico da geração renovável e do consumo, o que acaba desperdiçando uma parte importante da energia e sobrecarregando o sistema no fim do dia. Nesse cenário, as baterias deixam de ser promessa e am a ser tratadas como solução técnica, econômica e, sobretudo, necessária”, disse Markus Vlasits, presidente da ABSAE (Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia, que reúne fortes players do mercado como WEG, Moura e Huawei, e realizou evento nesta terça-feira (28), em Brasília.

Também durante o evento, o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, endossou a urgência e a viabilidade e o impacto da inclusão de sistemas de armazenamento no desenho do setor elétrico.

“Armazenar energia é uma forma de operar o sistema de maneira mais inteligente e resiliente. A convicção do papel do armazenamento de energia em baterias não é pessoal. Baterias são uma solução sistêmica, de menor custo para as necessidades energéticas do país. Num ambiente de incerteza como o que vivemos, falar de armazenamento é falar de segurança energética”, alertou.

Atrasos

Embora o entusiasmo seja crescente, o cronograma do leilão sofreu atrasos. Segundo Barral, a estrutura regulatória não é barreira e o setor está sendo apoiado por diversos órgãos, como a EPE, o ONS, Aneel e os ministérios da Fazenda, Casa Civil e Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

"Mas existem muitos desafios a serem endereçados, como a arbitragem dos preços e a competitividade das tecnologias disponíveis para apoiar o operador do sistema", comentou.

Ele afirma que nesse primeiro leilão, foi preciso separar as baterias para que o governo pudesse “aprender mais” e isso não afetasse as demais tecnologias já disponíveis, como a expansão das hidrelétricas.

“Entendemos que era mais seguro seguir desta forma para não afetar o cronograma e tivéssemos mais tempo para aperfeiçoar as soluções de armazenamento. No futuro, sempre vamos procurar colocar o máximo de soluções para competir numa mesma base, mas encontrar este nivelamento é muito difícil”.

Apesar dos atrasos na regulamentação, a Aneel se comprometeu a estabelecer regras específicas para o avanço do mercado, garantindo um marco regulatório sólido.

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